terça-feira, 26 de maio de 2020

Casa de Saima espumante Bruto 2015 Baga

Um espumante deve ou não deve evoluir em garrafa, pós-dégorgement?



Como em tudo na vida, há os que preferem assim e os que preferem assado, há os que afirmam que o espumante deve ser consumido no menor espaço de tempo possível pós-dégorgmement, e há os que dizem que isso não é primordial e que o espumante até pode evoluir em garrafa pós-dégorgement. Então, em que ficamos?

Mais uma vez, acho que não devemos ser fundamentalistas nem preconceituosos, pois há vantagens e desvantagens de parte a parte. Um espumante com um dégorgement feito recentemente, estará mais próximo do vinho que o produtor / enólogo quis apresentar ao seu consumidor, e isso é tão relevante para algumas casas que até colocam (e bem, a meu ver) a data do dégorgement na garrafa. Isso é uma vantagem, para mim, para espumantes de estágio muito prolongado, em que o vinho já vem com algum grau de evolução, e já está afinado para ser consumido.

Por outro lado, há espuamentes que nos chegam às mãos ainda tão jovens, que não tiveram tempo para se mostrarem e para nos revelarem o seu verdadeiro carácter. Isto não significa que não possa ser consumido jovem, tem os seus pregaminhos como a frescura e a jovialidade, mas poderá ser interessante ver como evoluí, que carácter desenvolve, o que nos trará com o tempo.

Este é um espumante da Casa de Saima, um dos mais tradicionais produtores da região da Bairrada, e este é o seu espumante Baga, um blanc de noirs, bruto, lançado com algum tempo de estágio, mas ainda num perfil relativamente jovem. Provado há cerca de dois anos, na altura de apresentação ao mercado, este espumante estava, como seria de esperar, jovem, bem fresco, num registo dos Baga da Bairrada.

Recentemente abri nova garrafa da mesma referência. Passados quase 2 anos, apresenta practicamente a mesma cor, um leve cobre / bronze, mas uma outra complexidade aromática, acrescentando às notas de fermento e brioche que já tinha toda uma panóplia de notas de geleia, noz, giz, num conjunto fresco mas já com uma leve evolução que lhe confere complexidade aromática. Em boca, cremoso e encorpado, seco e de acidez elevada, fruta muito discreta, num registo mais mineral e levemente salinico, com leve mas muito agradável toque de evolução em garrafa.

Fui à garrafeira e descobri que ainda tenho uma garrafa desta colheita. Vou ver se o consigo aguentar mais uns anos...

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