Uma outra expressão do Castelão
Apesar de todas as reestruturações feitas nas últimas décadas, o Castelão continua a ser uma casta de referência. Claro que perdeu algum protagonismo, claro que deixou de estar no topo da lista das castas mais plantadas em Portugal, mas claro que ainda há quem a trabalhe, e bem.
Não é novo, pelo menos já aqui foi referido, que o produtor Pegos Claros é uma referência nesta casta, aliás, não trabalham outra, fazendo vinhos brancos, rosés e tintos com base nesta variedade que continua a ser referência na região da Península de Setúbal.
É uma variedade muito ao estilo velho mundo, vinhos com adstringência e acidez, que aromaticamente não são muito expressivos na fruta, puxando mais pelas notas telúricas (barro, terra molhada, cogumelos), vinhos com potencial de guarda, que costumam revelar o melhor de si com alguns anos de garrafa.
Temos aqui uma nova referência desta casa, o Claro. Um vinho 100% castelão, claro, com uma cor ruby levemente aberta. O aroma é de expressão primária, com cereja preta, conjugado com notas de barro e folha de tabaco. Em boca, uma frescura salivante apesar da fruta madura, com algum volume apesar da elegância e da pouca extracção (visível na cor), um vinho de elegância mas não ligeiro, com concentração e persistência. Um bom castelão, Claro.
Será este o caminho para o Castelão? Não sei, pois continuo a gostar muito dos clássicos que envelhecem muito bem em garrafa, mas também me agrada esta versão mais ligeira, mais primária, para beber mais cedo (vamos ver como este envelhece).
#avinhar
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