Vermentino? Chardonnay? Viognier?
E as estas três castas ainda chegaram o Verdelho, o Alvarinho e o Arinto, tudo castas não típicas do Alentejo, algumas até estrangeiras. São seis novos vinhos, que em conjunto, formam o que a Adega Cooperativa da Vidigueira, Cuba e Alvito chamou "Vidigueira White Inspiration".
Pequenas produções, uma espécie de tubo de ensaio, de forma a estudar o comportamento de outras castas no terroir da Vidigueira, pois caso contrário, seria muito estranho apresentar um monocasta Vermentino (que tanto quanto sei, será o único vinho nacional estreme desta casta) ou até mesmo um Chardonnay.
- VDG 2016 Vermentino
Embora seja mais plantada no sul de França, trata-se de uma casta de origem italiana, com presença no norte do país e nas ilhas da Córsega e da Sardenha, com vinhos muito aromáticos, normalmente com aromas minerais e florais, moderados no álcool e com muita frescura. O VDG 2016 apresenta-se com um aroma mineral, com leve tangerina, um vinho de perfil ligeiro e com muita frescura, com notas de maçã verde e cítrico. Um vinho interessante como aperitivo, ligeiro e pouco alcoólico (12%).
- VDG 2016 Verdelho
De origem desconhecida, trata-se de uma casta que terá origem nas ilhas atlânticas, Madeira e Açores, onde tem forte presença. Considerada uma casta de qualidade, é muito versátil, sendo utilizada para espumantes, tranquilos e fortificados. Normalmente dá origem a vinhos com boa frescura, aromáticos, e com excelente aptidão para climas quentes como o Alentejo. O VDG apresenta-se aromático, com frutas exóticas, encorpado e boa frescura, também moderado no álcool (12.5%).
- VDG 2016 Viognier
Casta originária do Rhone, em França, é uma casta internacional, sendo plantada um pouco por todo o mundo. Adapta-se a regiões mais quentes, e normalmente dá origem a vinhos com bom grau alcoólico, baixa acidez, e aromas e sabores florais e de fruta branca de caroço (pessêgo). Esse é o perfil do VDG, com ligeira nota especiada (canela), um vinho com outro peso (14% álcool), mas equilibrado.
- VDG 2016 Alvarinho
Uma das castas nobres de Portugal, embora de berço ibérico, é hoje uma casta internacional com presença em vários países. No Alentejo já não é novidade, havendo várias plantações e vários monocastas, embora seja particularmente popular na região do Vinho Verde, em particular na sub-região de Monção e Melgaço. Um vinho de aromas florais (flor de laranjeira) a acompanhar alguma fruta tropical, um vinho muito encorpado, com fruta bem presente, seco e com boa frescura. Um pouco menos de calor não lhe fará mal, pois sente-se ligeiramente o peso do álcool (14%).
- VDG 2016 Chardonnay
Casta francesa, de origem na região da Borgonha, será a casta branca mais famosa em todo o Mundo, sendo plantada internacionalmente tanto em regiões quentes como em regiões frias, com frequência para espumante mas também muito para vinhos tranquilos. O VDG é um vinho de aroma discreto com notas minerais e leve manteiga, encorpado, amplo na boca, seco mas com uma grande frescura, ainda cítrico. Um vinho equilibrado, estruturado, do qual espero que cresça ainda em garrafa.
- VDG 2016 Arinto
Terminamos com uma casta portuguesa, uma das castas mais disseminadas pelo país, com presença regular também no Alentejo. Uma casta de excelência, quer a solo quer em lote, com potencial de envelhecimento e com aptidão para o estágio em madeira. O VDG apresenta-se com um aroma cítrico, limão, toranja, lima, com notas minerais, um vinho muito encorpado e muito fresco, seco, amplo e bem persistente, um vinho ainda muito jovem, que requer tempo em garrafa para se mostrar na sua plenitude. Um bom vinho.
Dito isto, qual a inspiração? É que embora na Vidigueira também se façam bons tintos, de facto, é uma zona de brancos, e embora várias castas se adaptem, nem todas atingem a excelência. É relevante o trabalho de ensaio e de estudo, é necessária também coragem para o apresentar e disponibilizar ao público. Espero que possam continuar a inovar, sempre sem esquecer a tradição que também preservam.
Avinhado a 16 de Maio de 2017
#avinhar
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