quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Alion tinto 2015

Será possível ter quantidade e qualidade?


Um daqueles nomes que todos conhecem, ou pelo menos, já se cruzaram com o rótulo, um vinho de grande produção desta famosa região espanhola. Já bebi Valbuena 5º, nunca bebi o Único, e este, se bem me lembro, também foi a primeira vez que o bebi. Gostei do vinho, nada de extraordinário, mas bem feito, prazeroso, pelo que, decidi falar dele.

Fui pesquisar sobre o vinho, um monocasta Tinto Fino (Tempranillo), com estágio de 12 meses em barricas de carvalho (95% francês, 5% americano), sendo que, 80% das barricas eram novas. Um vinho intenso, vinhos estruturados, com barrica presente, um perfil "moderno". 

Nada de especial a destacar, mas a quantidade produzida chamou-me a atenção. Para já, falamos de uma vinha com 130ha. Não é propriamente uma parcela, trata-se de uma vinha com uma dimensão bastante considerável. Depois, o número de garrafas produzidas:

- 230.730 garrafas standard, 7.007 magnum, 580 double magnum, 78 imperial e 5 garrafas salmanazar.

7 mil garrafas magnum! Há vinhos que não atingem estes números em garrafas standard. 230 mil garrafas sandard! À e tal, o Mateus rosé produz milhões! Pois é, mas o Mateus rosé vende-se a menos de 4€, e este vende-se a quase 70€! Sim, mas o Barca Velha vende a mais de 400€! Pois, mas não são 230 mil garrafas!

Há muito o estigma de que apenas pequenas produções podem ter qualidade. Temos muito essa visão de que apenas o melhor do melhor, a selecção das videiras da parcela especial no ano da graça é que faz aquela barrica de 500l que vai dar origem ao melhor vinho do mundo. Não digo que isto não possa ser verdade, é claro que sim, seleccionamos o melhor entre os melhores e lançamos um topo de gama. Esta é, de uma forma generalizada, a realidade dos pequenos produtores.  

Por outro lado, também é possível ter qualidade e quantidade. Nem falo do Alion, para que não digam que o vinho não é assim tão bom ou assim tão procurado e admirado. Falemos então dos grandes Chateau de Bordéus. O topo de gama do Château Margaux, vinho com o nome da casa, produz mais de 200.000 garrafas ano, vendidas em primeur a mais de 400€! 

É possível ter qualidade e quantidade, é um grande desafio, mas é possível. Só ao alcance de grandes casas, não só porque necessitam de ter quantidade de matéria prima, mas também porque terão de ter adegas muito bem equipadas, equipas técnicas altamente qualificadas, e muito savoir faire. O melhor exemplo português desta realidade será o Barca Velha. Veja-se o lançamento do 2011, com cerca de 30.000 garrafas, um vinho icónico, da maior empresa portuguesa de vinhos, que irá ultrapassar os 400€ a garrafa. Não, ainda não provei o Barca Velha 2011...

#avinhar

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