Há tradições que perduram
Fui até Ponte da Barca comer um arroz de cabidela (de galo). Não fui de Lisboa (onde resido) de propósito almoçar, estava de passeio pela região, mas fui deliberadamente ao restaurante O Moinho comer este arroz, prato do dia à quinta-feira.
Gostei muito do local, o sítio é muito bonito, mesmo junto ao rio Lima, no centro de Ponte da Barca, numa antiga casa completamente restaurada, com ar condicionado, bem iluminada e com vista para o rio (nem todas as mesas, mas a minha tinha) e um serviço muito competente e atencioso.
O dilema seria escolher o vinho, mas a escolha acabou por ser fácil, pois estando em Ponte da Barca, num restaurante tradicional a comer um prato típico com uma cabidela, para mim, faria todo o sentido utilizar um vinho típico da região, neste caso, o Vinhão.
Perguntei quais os disponíveis, e a solução foi o Vinhão da Adega de Ponte da Barca, a casa de referência da região, quer pela sua antiguidade, quer pela sua dimensão. Pedi o vinho fresco, claro que o tinham, é frequente beber-se assim este vinho, que apesar de muito jovem (colheita de 2019) estava relativamente macio para que é esperado. A temperatura mais baixa torna-o ainda mais refrescante, sem qualquer amargor, e a fruta continua lá, pois são vinhos que gozam de alguma exuberância, como como o seu volume, pois também têm muito para dar.
Restava apenas a questão do copo. De referir que foi colocado na mesa, sem ser pedido, um competente copo de vinho, moderno, como mandam as regras da actualidade, mas não resisti em solitar também umas malgas, para degustar lado-a-lado a modernidade e a tradição. Quem ganhou? Eu, que tive um belo repasto, num belo local, em boa companhia, bem servido e bem regado. O que pedir mais?
Nota de prova: DOC Vinho Verde (12%). Cor opaca, de tom violeta. Muito aromático, fruta preta, amora, groselha. Um vinho de excessos, muito encorpado, muita acidez, um pouco áspero e com ligeira agulha. Não é um vinho de grande qualidade se não for devidamente enquadrado, quer no seu estilo, quer na mesa. Para se beber refrescado, sempre à mesa, com a boa mesa minhota.
#avinhar
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