quarta-feira, 21 de junho de 2017

Um outro Douro

Um roteiro por um outro Douro...

Miradouro de Frei Estevão



É impossível não nos sentirmos minúsculos nesta região, seja pela sua extensão, seja pela imponência do seu rio e afluentes, ou pela quantidade de montes e vales. É impressionante o trabalho humano presente em cada recanto, uma espécie de manta de retalhos, cada um trabalhado de forma individual, mas que em conjunto moldam uma paisagem única, classificada como Património da Humanidade.

São milhares de kilometros de muros de pedra, pedras essas que foram dispostas uma a uma, à mão, ao longo de séculos de trabalho árduo, fazendo deste local outrora inóspito um local de cultivo de vinha. Diz-se que nem a grande muralha da China tem tanta pedra, embora essa todos a conheçam, e todo esse xisto é que permite a criação dos (socalcos), tornando um declive extremo em algo mais suave, permitindo o seu cultivo. O Douro não se faz só de vinha, embora seja isso que mais nome traz à região. Há também oliveira, amendoeira e figueira, embora algumas pareçam querer desaparecer. 

Alto das Vargelas


Ao longo destes vales e rios, há vários pontos de interesse, dependendo dos nossos gostos. Desta vez procurei conhecer mais o lado menos conhecido, aquele Douro que passa fora do eixo Régua - Pinhão, que vai por cotas mais altas, mais interiores, e que segue em direcção a Espanha. Tentei, e reforço, tentei percorrer a região em 5 dias, fazendo um roteiro que começou na Régua e lá terminou, um ponto de entrada com excelentes acessos, tudo em auto-estrada.

O primeiro objectivo era passear pela margem sul do Douro, atravessando essa região pela deslumbrante estrada N222, uma das mais belas estradas que conheço. Saindo da Régua em direcção ao Pinhão, circulamos ao longo do Douro, em cota baixa, mesmo junto à Água, permitindo estar desde logo em contacto muito próximo com o rio. Passamos por Folgosa, pela foz do Tedo e pela foz do Távora, e mesmo antes de chegar ao Pinhão, na foz do Torto, entramos pelo Douro adentro. Subimos até Ervedosa do Douro, com paragem no miradouro de Frei Estevão, e porque o estômago já dava horas, tempo do primeiro abastecimento: Toca da Raposa.

Ensopado de Javali


Um restaurante de referência na região, um local de peregrinação de enófilos e não só, onde encontramos uma comida caseira, preparada pela cozinheira Maria da Graça. A carta de vinhos é muito boa, com enfoque na região, com várias opções de vinho a copo. A sugestão foi Línguas de Bacalhau panadas para entrada, Ensopado de Javali para prato principal, e para terminar, um Pudim de Vinho do Porto. 

Depois do repasto, tempo de regressar à estrada, e seguir em direcção a São João da Pesqueira. Uma das principais localidades, sente-se que é uma terra importante, com dimensão, com algumas casas imponentes, sendo considerado o coração do Douro Vinhateiro. A jornada era longa e não me permitiu uma paragem para conhecer melhor, pelo que, segui caminho, pela variante 3 da N222, que começa no centro da vila, junto ao lindíssimo e imponente Tribunal Judicial de São João da Pesqueira. A direcção é a mesma, Vila Nova de Foz Côa, mas nesta variante seguimos novamente junto ao Douro, mas desta vez, em cota alta, com uma vista impressionante. Um troço para fazer com tempo, pois há algumas paragens obrigatórias: Miradouro de São Salvador do Mundo, Alto de Vargelas. Também interessante, é a paragem no castelo de Numão e nas ruínas do Prazo (Freixo de Numão), mas os acessos não são fáceis e a informação no local reduzida.

Castelo de Numão


Esta longa jornada terminou em Vila Nova de Foz Côa, bem no centro do Douro Superior, um local que funcionou como base para visita a esta sub-região do Douro.

(continua)
#avinhar

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