quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ditado Vinico #9

"Albarda-se o vinho à vontade do consumidor", avinhar



Adoro ouvir falar do "consumidor", aquele conjunto abstracto de pessoas que compram vinho, que ninguém sabe exactamente quem são, mas cujo gosto está perfeitamente definido. Fico fascinado com afirmações inquestionáveis sobre este gosto universal, de que um determinado vinho é feito ao gosto do consumidor. Mas afinal, que vinhos são esses?

De facto, pode haver uma grande manipulação (legal) num vinho. É madeira no vinho, é vinho na madeira, são leveduras seleccionadas, são correcções ácidas, são mostos concentrados, é tanino vínico, é isto, é aquilo, é aqueloutro. Quase que apetece dizer que, "até de uva se faz vinho!".

Não me alongando, parece-me que o mundo do Vinho diverge em dois sentidos, cada vez mais distantes entre si: o mundo dos vinhos autênticos e o mundo dos vinhos manipulados. Como autênticos gostaria de pensar em vinhos de pequena produção, de castas típicas da sua região, vinificados de forma minimalista, sem grande intervenção humana e sem correcções ou aditivos externos. Por outro lado, vejo vinhos massificados, por norma manipulados de forma a não correr grandes riscos (o que é legítimo), mas que os torna um pouco indiferenciados, sem alma, sem grande história para contar.

Em ambos os mundos há vantagens e desvantagens, não quero agora estar a dissertar essa questão. Queria só dizer que valorizo vinhos com história e com carácter, produtores com coragem de fazerem o vinho em que acreditam, independentemente de ser mais ou menos "comercial". Isso tem um preço, que nem todos estão dispostos a pagar, e ainda bem que assim o é. Se todos gostassem de amarelo, o mundo seria certamente mais chato, por isso, "albarde-se" o vinho à vontade do dono, seja porque quer fazer algo mais comercial ou algo mais autêntico.

#ditadosvinicos
#avinhar

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