segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Quinta das Bágeiras

Uma visita a um dos produtores de referência da região.


A Quinta das Bágeiras, do produtor Mário Sérgio Alves Nuno, é uma das referências da região da Bairrada e uma referência nacional. Um lugar onde se respira tradição e saber, passados de geração em geração, num negócio familiar.

A bicicleta do avô Fausto, na figura acima, é representante desses valores da tradição e da família, colocada em lugar de destaque na sala de estágio, e estilizada num rótulo de uma das mais recentes referências de vinho da casa.


A visita começou pela loja, onde é possível adquirir vinhos e ver as refererências produzidas ao longo destes mais de 25 anos de actividade, bem como um conjunto alargado de diplomas e fotografias.

A Quinta é composta por vários espaços, entre dois edicícios, frente a frente, na margem da estrada nacional que vem da localidade de Fogueira, em Sangalhos. Aqui, a sala de estágio de vinhos, composta por vários toneis e barricas, no mesmo local onde habitam os lagares de pedra onde ainda se faz vinho.


Depois de estagiado, bem o envelhecimento em garrafa, feito na cave, onde estão deitadas milhares de garrafas de vinho, entre tranquilos e espumantes, das mais diversas referências.

Uma cave modesta, sobretudo funcional, que respira tradição. Impressionante a dimensão e altura de algumas das tulhas (pilhas de garrafas) presentes, como se pode ver na figura acima. De notar a presença de muitos cavaletes, para a remouage dos espumantes, processo manual como não podia deixar de ser...


Terminámos a visita numa sala de prova, junto ao alambique que estava a destilar aguardente. O Mário Sérgio (na figura) acompanhou-nos na prova e partilhou algumas referências antigas, pois era esse o objectivo da nossa visita. Alguns dos vinhos provados:

- Quinta das Bágeiras espumante 1992 Velha Reserva
Um espumante especial, uma velha reserva que já não está disponível para o público, servindo apenas para consumo da casa e para dar a conhecer a sua evolução. Um espumante que apresenta uma cor dourada, brilhante e límpido, com bolha finíssima e bem persistente. Aromático, conjunto elegante de notas evolutívas com algum mel e cera, fruta e um toque mineral. Encorpado, seco, fresco e ligeiramente untuoso, uma bolha finíssima e persistente, com alguma maçã cozida e mel. Um belíssimo espumante.

- Quinta das Bágeiras branco 1989
1º branco produzido com a insígnia da casa. Apresenta uma cor dourada, com alguma intensidade, límpido e brilhante. Um vinho aromático, algumas notas terciárias e alguma fruta branca de caroço, um vinho muito seco, muito fresco, com alguma salinidade. Boa boa e boa persistência, encorpado e alguma untuosidade, um vinho "colheita", 100% inox, simples e muito agradável, que ainda está "jovem" e em crescimento...

- Quinta das Bágeiras tinto 1987 Reserva
1º vinho produzido em nome próprio, sendo por isso, um vinho emblemático na casa. Apresenta uma cor ruby, com alguma intensidade e ligeiro tom acastanhado. Aromático, fruta presente, com caruma de pinheiro e notas balsâmicas e de terra húmida. Corpo médio, fresco e seco, algum tanino ainda a marcar presença, com final seco, ligeiramente mastigável e alguma fruta ainda presente. Um vinho simbólico, em bom estado de saúde e muito agradável.

- Quinta das Bágeiras tinto 1995 Garrafeira
Os Garrafeira foram, durante alguns anos, as referências de topo da casa. Hoje em dia, apesar de terem a concorrência de outras referências como o Pai Abel ou o Avô Fausto, continuam a ser vinhos de topo. Este 95 apresenta uma cor ruby intensa e brilhante. Aromático, fruta fresca madura, sugestões balsâmicas e um toque de resina, num vinho encorpado, fresco e frutado, e seco. Amplo, boa persistência, com final refrescante, mastigável e com alguma fruta. Um vinho polido, elegante e concentrado, ainda cheio de juventude apesar dos seus 20 anos de idade, sem sinais de evolução ou oxidação. Um grande vinho, belíssimo e ainda com potencial para continuar a crescer...

É sempre um prazer visitar este produtor, quer pela qualidade dos vinhos, quer pela simpatia e amizade do Mário Sérgio, a quem aproveito para agradecer novamente a visita e provas. Espero regressar em breve, como prometido.

Avinhado a 20 de Novembro de 2015.

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