Já conhece o Endógenos?
O Endògenos é um projeto de promoção em
enogastronomia e valorização dos produtos autóctones portugueses. Entre
outras acções, a organização de viagens enogastronómicas cujos programas de viagem partem
à descoberta da identidade e origem da gastronomia portuguesa,
tradições, cultura, património e recursos turísticos, é uma das faces visíveis deste projecto.
Pela
primeira vez participei numa destas acções, um programa de visita
Penela, situada entre Coimbra e Tomar, e que incluía uma visita
interpretativa ao Parque Biológico da Serra da Lousã na tarde que
antecedeu o repasto, e participação na “Festa à Vinha” que teve lugar no
domingo, dia 25 de Setembro, na aldeia da Chança.
O repasto aconteceu no restaurante Dom Sesnando, em Penela, que é uma das montras da gastronomia local, através das mãos da Dona Minda, chefe de cozinha do Dom Sesnando, e de António Alexandre, chefe executivo do Lisboa Marriott Hotel.
Depois de várias entradas que incluíram nozes, figo passa, queijo rabaçal em azeite, entre outros, já à mesa tivemos como primeiro momento uns Fígados de aves, lardo, azeite extra virgem, uva Fernão Pires, jeropiga, nozes e Rabaçal Curado, um prato harmonizado com o vinho Casa de Alfafar, um Regional Beira Atlântico, da sub-região Terras de Sicó.
Um prato intenso, gordo mas equilibrado, a acidez da uva e a conjugação
do seu doce com o queijo e as nozes, tudo sabores tradicionais, mas
conjugados de uma forma diferente. O vinho, um lote de Fernão Pires e
Arinto apresentava notas cítricas, algum pêssego e maracujá, um branco
seco e fresco, embora curto e pouco persistente.
Depois chegou o Bacalhau, com grão-de-bico preto, sames, couve coração de boi e azeitona de Sicó, um prato harmonizado com o branco O Borracho 2015, também um vinho Regional Beira Atlântico, da sub-região Terras de Sicó.
O bacalhau estava deliciosamente macio, a saltarem lascas com um pequeno toque do garfo, acompanhado pela acidez do tomate coração de boi e da couve, que reveste o grão-de-bico preto e a textura e sabor deliciosa do sames. Resumindo, um delicioso e tradicional bacalhau com grão, mas refinado e bastante regional.
Entre muitos significados, borracho significa o saco de pele de cabra outrora utilizado para transportar vinho, cerca de 40 a 70 litros. Um branco de 2015, um vinho maioritariamente produzido com a casta Rabo de Ovelha, com algum Arinto e Fernão Pires. Aroma fechado, notas cítricas e florais, um vinho bem seco, cítrico, muito fresco e com ligeira sensação mineral, amplo e com boa persistência. Um vinho ainda jovem, mas que fez uma belíssima companhia ao bacalhau.
Seguiu-se o cabrito, na sua caldeirada, com chicharos, nabada e centeio, um prato harmonizado com o Encosta da Criveira tinto Reserva.
Um vinho de cor ruby intenso, com tom violeta, que apresenta um aroma especiado, com fruta madura e sugestão de madeira. Um vinho ligeiro, que conjuga a elegância da casta Alfrcheiro com a tradição da Baga e a força da Touriga Nacional, num conjunto elegante e com alguma frescura, onde se sente ligeiramente a madeira que dá alguma estrutura ao vinho, que foi competente na ligação ao prato.
Terminámos este repasto com Grão-de-bico preto, abóbora, mel, uva e chocolate, uma sobremesa harmonizada com Jeropiga. Uma experiência muito interessante, que conjugou vários produtos da região.
Agradeço o convite da Endògenos e faço votos de sucesso para este projecto.
Avinhado a 24 de Setembro de 2016
#avinhar
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