segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Endògenos - Penela

Já conhece o Endógenos? 


O Endògenos é um projeto de promoção em enogastronomia e valorização dos produtos autóctones portugueses. Entre outras acções, a organização de viagens enogastronómicas cujos programas de viagem partem à descoberta da identidade e origem da gastronomia portuguesa, tradições, cultura, património e recursos turísticos, é uma das faces visíveis deste projecto.

Pela primeira vez participei numa destas acções, um programa de visita Penela, situada entre Coimbra e Tomar, e que incluía uma visita interpretativa ao Parque Biológico da Serra da Lousã na tarde que antecedeu o repasto, e participação na “Festa à Vinha” que teve lugar no domingo, dia 25 de Setembro, na aldeia da Chança.


O repasto aconteceu no restaurante Dom Sesnando, em Penela, que é uma das montras da gastronomia local, através das mãos da Dona Minda, chefe de cozinha do Dom Sesnando, e de António Alexandre, chefe executivo do Lisboa Marriott Hotel.

Depois de várias entradas que incluíram nozes, figo passa, queijo rabaçal em azeite, entre outros, já à mesa tivemos como primeiro momento uns Fígados de aves, lardo, azeite extra virgem, uva Fernão Pires, jeropiga, nozes e Rabaçal Curado, um prato harmonizado com o vinho Casa de Alfafar, um Regional Beira Atlântico, da sub-região Terras de Sicó.


Um prato intenso, gordo mas equilibrado, a acidez da uva e a conjugação do seu doce com o queijo e as nozes, tudo sabores tradicionais, mas conjugados de uma forma diferente. O vinho, um lote de Fernão Pires e Arinto apresentava notas cítricas, algum pêssego e maracujá, um branco seco e fresco, embora curto e pouco persistente.


Depois chegou o Bacalhau, com grão-de-bico preto, sames, couve coração de boi e azeitona de Sicó, um prato harmonizado com o branco O Borracho 2015, também um vinho Regional Beira Atlântico, da sub-região Terras de Sicó.

O bacalhau estava deliciosamente macio, a saltarem lascas com um pequeno toque do garfo, acompanhado pela acidez do tomate coração de boi e da couve, que reveste o grão-de-bico preto e a textura e sabor deliciosa do sames. Resumindo, um delicioso e tradicional bacalhau com grão, mas refinado e bastante regional.


Entre muitos significados, borracho significa o saco de pele de cabra outrora utilizado para transportar vinho, cerca de 40 a 70 litros. Um branco de 2015, um vinho maioritariamente produzido com a casta Rabo de Ovelha, com algum Arinto e Fernão Pires. Aroma fechado, notas cítricas e florais, um vinho bem seco, cítrico, muito fresco e com ligeira sensação mineral, amplo e com boa persistência. Um vinho ainda jovem, mas que fez uma belíssima companhia ao bacalhau.


Seguiu-se o cabrito, na sua caldeirada, com chicharos, nabada e centeio, um prato harmonizado com o Encosta da Criveira tinto Reserva.


Um vinho de cor ruby intenso, com tom violeta, que apresenta um aroma especiado, com fruta madura e sugestão de madeira. Um vinho ligeiro, que conjuga a elegância da casta Alfrcheiro com a tradição da Baga e a força da Touriga Nacional, num conjunto elegante e com alguma frescura, onde se sente ligeiramente a madeira que dá alguma estrutura ao vinho, que foi competente na ligação ao prato.


Terminámos este repasto com Grão-de-bico preto, abóbora, mel, uva e chocolate, uma sobremesa harmonizada com Jeropiga. Uma experiência muito interessante, que conjugou vários produtos da região. 

Agradeço o convite da Endògenos e faço votos de sucesso para este projecto.

Avinhado a 24 de Setembro de 2016
#avinhar

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