quarta-feira, 29 de junho de 2016

Quinta da Murta: 2005 - 2015

Uma prova vertical sobre os últimos 10 anos da Quinta da Murta


A Quinta da Murta é um dos (poucos) produtores da denominação de Bucelas, região de Lisboa, onde se produzem os DOC Bucelas, vinhos com base na casta Arinto, cheios de frescura, que por vezes nos transmitem alguma mineralidade e também alguma salinidade.

À prova estavam as últimas 10 colheitas do Quinta da Murta, um vinho monocasta Arinto, que tem vindo a sofrer pequenas modificações ao longo do tempo, para além das óbvias diferenças que cada ano aporta a cada um dos vinhos.


A (minha) prova começou pelo 2005, o mais carragado de cor, com tom dourado já com alguma intensidade. Aromático, cheio de notas fumadas, é um branco gordo, fresco, cheio de fumados, com alguma fruta cristalizada, pêssego, melão... Um branco interessante e que mostra uma evolução nobre, que soube crescer. Um dos meus preferidos.

Segui-se o 2006, cor amarela com tom dourado, as mesmas notas fumadas mas acompanhadas de apetrolados. Encorpado, um pouco "quente" a sentir-se um pouco o álcool, alguma frescura, com fruta delicada e final seco. Não me surpreendeu...


O 2007 e 2008 com perfis semelhantes, estando o 2008 um pouco mais jovem e a pedir mais tempo de garrafa. Cor amarela intensa, com ligeiro tom dourado. Pouco aromático, nota fumada, ligeiro cítrico, sugestão de ervas secas. Muito fresco, seco,  um pouco menos de volume de boca pela "falta" de untuosidade dos mais velhos, mas com boa boca e boa persistência, com final cítrico e ligeiramente fumado. Dois bons Arintos, que estão em fase de transição de um vinho jovem para um vinho "evoluído"...

O 2009 também de perfil semelhante, um pouco mais de volume, com ligeira sensação de cremosidade. Um belíssimo Arinto, cheio de frescura, jovem, a pedir tempo de garrafa para crescer. Um dos meus preferidos, está num bom ponto para quem pretende um branco jovem e fresco.

O 2010 e o 2011 foram os que mais me desiludiram, algumas notas vegetais, um pouco desequilibrado no álcool o 2011, sendo que mantém o registo da frescura, ainda jovens com alguma tensão, muito cítricos. Podem simplesmente estar a atravessar uma fase menos positiva da sua evolução, vamos ver...


O 2012 apresenta uma cor amarela, ainda de aroma fechado, com sugestão mineral. Seco, encorpado, muito fresco e com alguma untuosidade, um pouco quente no final e ainda um pouco tenso devido à sua juventude, um bom exemplar, para guardar mais algum tempo.

O 2013 está aromático, maçã, um toque fumado. Seco, muito fresco, quase crocante, encorpado e alguma fruta presente, cítrico e com alguma maçã. Boa boca e boa persistência, com final seco e fresco. Um bom exemplar.  A colheita 2014 tem um perfil muito semelhante, mas apresenta um ligeiro toque vegetal, agradável. Para guarda.

Por fim, o 2015, ainda amostra. Apresenta uma cor amarela, com tom esverdeado. Encorpado, seco, cítrico e jovem. Um vinho onde tudo está bem integrado, com volume e já com alguma untuosidade, cítrico e muito fresco, mas agradável na boca, um pouco tenso, claro, mas a dar muito boas indicações. Parece que vai ser um muito bom Arinto!

Resumindo, o Arinto é uma casta que produz vinhos com longevidade (nada de novo), temos aqui mais uma evidência disso. Agradeço o convite para a prova, espero puder repetir daqui a 10 anos...

Avinhado a 16 de Junho de 2016.

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