domingo, 22 de março de 2015

O vinho tem de ser complicado?


O vinho tem de ser complicado?

 
Um vinho com um terroir único, que expressa o solo, o clima e as técnicas típicas da região. Um bouquet fantástico, de grande complexidade e profundidade, misturando compota de fruta bem madura, tostados de café e notas florais. De cor ruby, quase impenetrável, com laivos acastanhados resultantes da sua grande evolução em cave, com um brilho que revela o seu perfeito estado de saúde. É um vinho de grande frescura, muito encorpado e com a madeira de carvalho francês perfeitamente integrada. Estruturado, taninos sedosos, de grande amplitude e persistência, num final muito agradável com fruta madura e ligeira salinidade. Um grande vinho, para verdadeiros apreciadores!

Se ainda está a ler este texto, ou gosta muito de vinho ou tem muita coragem. O jargão técnico utilizado por especialistas tende a afastar alguns dos consumidores menos entendidos, pois frequentemente não o entende na sua plenitude. Mas tem o vinho de ser complicado?

Julgo que não, e julgo que devemos complicar na exacta proporção do interesse e envolvimento de cada consumidor. Simplifiquemos. Podemos simplesmente classificar um vinho como “Gosto” ou “Não Gosto”. Embora redutor, é interessante, pois permite saber quais os vinhos que nos agradam e os que não agradam. Mas e se quisermos saber porquê?

Para responder a essa questão devemos perceber alguns aspectos fundamentais de um vinho, como o corpo, acidez, textura, doçura ou sabor, entre muitos outros. E se quisermos saber ainda mais, e perceber o porquê de cada um destes e de outros aspectos? Bem, teremos de nos tornar entendedores no assunto, e há cursos de vinho no mercado, bem como muita bibliografia, que nos ajudam a perceber um pouco mais sobre o assunto.

É de facto um mundo complexo, com uma grande multiplicidade de regiões, castas, solos, exposições, climas e técnicas de produção, agravadas pelo facto que cada ano é único e diferente. Para agravar a situação, podemos ainda adicionar todas as questões do acondicionamento, o que faz com que cada garrafa evolua de forma diferente, dependendo das condições a que esteve sujeito, como temperatura, variações de temperatura, luz, humidade, cheiros e posição das garrafas. E ainda há as questões das temperaturas, dos copos, das harmonizações...

Recomendo que complique na medida do seu interesse e que, acima de tudo, mantenha uma mente aberta à experimentação de vinhos diferentes e que se divirta a faze-lo. Experimente uma região do país que nunca tenha provado, ou uma casta que não conheça, procure vinhos diferentes e diferenciadores. Atreva-se. É um mundo que pode ser tanto complicado como divertido.

Boas provas!

Avinhado a 22 de Março de 2015.
Luis Gradíssimo

Sem comentários:

Enviar um comentário