Eu adoro servir vinhos sem mostrar o
rótulo e gosto de provar em prova cega. Não existem condicionalismos nem
preconceitos. Apenas nós e o vinho!
Cá em casa, muitas vezes os vinhos são
servidos ou tapados ou decantados, e não mostro a garrafa nem digo nada sobre o
vinho até todos provarem e emitirem a sua opinião. Depois é que revelo a
garrafa, a região, o produtor, eventualmente as castas ou algum método
relevante de vinificação, e por fim, o preço.
O que não é de espantar é que há sempre
surpresas, e muitas vezes, boas surpresas! Quantas vezes me disseram coisas do
género: “Afinal gosto desta região” ou “Olha que afinal, esta casta até é boa”
ou ainda melhor “Com esse rótulo, nunca compraria esse vinho”... O que nos leva
então a percepcionar os vinhos de forma diferente? As marcas!
As marcas são do próprio produtor, que
investem na construção de uma marca de credibilidade e que conseguem conquistar
uma determinada percepção quando há consistência e qualidade (boa ou má, é
importante é ser consistente).
Mas as marcas são também as regiões, e
temos regiões com marcas bem mais fortes do que outras, o que faz com que
algumas regiões vendam mais e mais caro do que regiões de marca “inferior”. Não
esquecer que também já se constrói a marca “casta”, em que uma determinada
casta tem mais “qualidade”, funcionando também como um selo de uma qualquer
garantia. E a marca “enólogo”, e a marca “Reserva”, e outras “marcas” que vão
sendo criadas e que muitas vezes são utilizadas de forma menos “adequada”...
Adicionalmente à marca, temos também a
roupagem: Imagem do rótulo e da garrafa, a rolha utilizada, a garrafa
utilizada, etc. É todo um conjunto de marcas e de imagens que nos “ajudam” a
criar uma determinada percepção, ainda antes de provar o vinho!
Tudo isto das marcas é importante, e
ainda bem que existem marcas. Ajuda a diferenciar produtos e produtores, e
desde que feito de forma honesta, ajudará também o consumidor.
O que sugiro é que não se agarrem
exclusivamente ás marcas e à imagem e que deixem algum espaço para vinhos
diferentes, de “marcas” menos conhecidas e que o provem “ás cegas”, sem
condicionalismos...
Boas provas!
Avinhado a 29 de Março de 2015
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